D. Manuel Correia de Bastos Pina

Nasceu na Costeira, freguesia de Carregosa, a 19 de Novembro de 1830.

Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, chegou a exercer, por pouco tempo, advocacia na então Vila da Feira.

Quando o Dr. José de Lemos, seu protector e amigo, foi sagrado Bispo de Bragança, levou-o como seu secretário para lhe conferir as ordens de presbítero, em 1854.

Passou por Viseu, onde foi Vigário Geral e, em 1870, é apresentado Bispo Cooperante da Diocese de Coimbra, com direito a sucessão. Após a morte do Bispo-Conde, D. José Manuel de Lemos toma definitivamente conta da Diocese, sendo sagrado na Sé Catedral, a 19 de Maio de 1872.

Além do título de Conde de Arganil, concedido aos prelados de Coimbra, beneficiava ainda dos seguintes: Assistente de Solo Pontifício, do Município de Sua Majestade Fidelíssima, Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, Par do Reino, Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica de Espanha, Sócio-Correspondente da Real Academia da História de Madrid, Presidente Honorário da Secção de Arqueologia do Instituto de Coimbra e Académico de Mérito da Escola de Belas-Artes de Lisboa.

Faleceu na sua casa, a 19 de Novembro de 1913, no dia em que completava 83 anos, e ficou no jazigo familiar.


in Monografia de Oliveira de Azeméis

Bento Carqueja

Bento de Sousa Carqueja nasceu em Oliveira de Azeméis, em 6 de Novembro de 1860.

Aprendeu as primeiras letras na Escola Conde Ferreira. Mais tarde, a convite do seu tio e padrinho, Manuel de Sousa Carqueja, fundador de “O Comércio do Porto”, foi para esta cidade onde continuou os estudos, colaborando simultaneamente neste importante diário. Quando mais tarde assumiu a direcção do jornal, iniciou uma vasta obra social de largo alcance.

Bento Carqueja sempre recusou honras e louvores públicos tendo, inclusivé, recusado o cargo de Ministro, para o qual, por várias vezes, foi convidado. Recusou mesmo a Condecoração de Grande Oficialato de S. Tiago que lhe foi atribuída em 1928.

Foi membro de várias Academias e Institutos estrangeiros. O seu prestígio aliado ao grande amor à sua terra foram o motor de todas as iniciativas culturais, desportivas, turísticas e de Solidariedade Social que em Oliveira de Azeméis se realizaram no princípio deste século XX.

Foi o fundador do mensário agrícola “O Lavrador” e da Fábrica do Papel do Caima, em Oliveira de Azeméis. Dedicou especial atenção à agricultura, fazendo vingar a ideia de se instalarem escolas móveis para apoiar tecnicamente os lavradores. Em Oliveira de Azeméis criou também a Escola de Artes Gráficas e Ofícios, um asilo hospitalar e procedeu ao saneamento da vila.

Bento Carqueja morreu em 2 de Agosto de 1935.


in Monografia de Oliveira de Azeméis

Ferreira de Castro

Nascido no dia 24 de Maio de 1898, na freguesia de Ossela, José Maria Ferreira de Castro viria a tornar-se o filho mais famoso desta terra.

Filho de uma modesta família de arrendatários rurais, marcada por grandes dificuldades económicas, cedo emigrou para o Brasil (apenas com 12 anos de idade) em busca de melhores condições de vida.

É durante a sua estada em Belém do Pará que, aos 16 anos, inicia a sua actividade de escritor, com a publicação do seu primeiro romance intitulado “Criminoso por Ambição”. Começava, deste forma, a carreira literária deste auto-didacta que se tornaria num dos maiores escritores de língua portuguesa do século XX, autor de cerca de duas dezenas de romances e uma notável obra ensaística. Foi também um dos autores portugueses mais traduzidos desde sempre.

Quando regressou a Portugal, dedicou-se ao jornalismo, tendo sido redactor de O Século e director de O Diabo. Obras de ficção: Emigrantes, (1928), A Selva, (1930), Eternidade (1933), Terra Fria (1934), A Lã e a Neve (1947), A Curva da Estrada (1950), A Missão (1954), O Instinto Supremo (1968). Teatro: Sim, uma Dúvida Basta (1994). Ensaio: A Volta ao Mundo (1944), As Maravilhas Artísticas do Mundo, 2 vols. (1959 e 1963).

Em 29 de Junho de 1974, Portugal ficou de luto por esta grande figura da literatura portuguesa que ainda assistiu à restauração da democracia pela qual tanto lutou.

Por vontade expressa, as suas cinzas jazem em campa rasa, sobre um banco cavado na rocha, no Castelo dos Mouros, em Sintra.

Fica a sua obra imortal traduzida em todo o mundo.

Em 1998, comemorou-se o centenário do nascimento do escritor Ferreira de Castro, o que constituiu motivo para evocações e homenagens por parte de pessoas e instituições interessadas na sua obra. Do Porto a Cascais ou Lisboa, vários foram os eventos que lembraram a memória de humanista, do escritor emigrante e viajante, do homem que se manteve fiel, até ao fim, a princípios de nobreza de carácter e solidário com os homens e mulheres do mundo do trabalho.

Nesse mesmo ano, completaram-se também 70 anos sobre a publicação do seu romance Emigrantes. Publicado em 1928, rapidamente este romance, baseado em vivências e factos que o escritor bem conhecia por, também ele, ter sido emigrante, obteve grande êxito editorial, abrindo novos horizontes à literatura portuguesa, precursor que foi do neo‑realismo, como referem alguns autores.

“Biógrafos que somos das personagens que não têm lugar no mundo, imprimimos neste livro despretenciosa história de homens que, sujeitos a todas as vicissitudes provenientes da sua própria condição, transitam de uma banda a outra dos oceanos, na mira de poderem também, um dia, saborear aqueles frutos de oiro que outros homens, muitas vezes sem esforço de maior, colhem às mãos cheias”, escrevia Ferreira de Castro no prefácio à 4ª edição de Emigrantes.


in Monografia de Oliveira de Azeméis

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